quarta-feira, novembro 11

Confidências

Numa conversa que tive, à noite, com as estrelas
Que no Céu se alinhavam como um bordado,
Disseram-me, tal a lua cheia no Céu iluminado,
Que o teu sincero amor era testemunhado por elas.

De manhã, passarinhos confirmaram o dizer delas,
Naquele cântico matutino que é seu ritual sagrado…
Dos céus falaram por ti; dos ares, um coro animado
Trouxe a clareza que traz ao escuro a luz das velas.

Numa agradável conspiração conjunta a nosso favor,
O mundo e a Natureza (os Céus, a terra e os mares),
Observam, coadjuvam e respiram o nosso amor.

Pois que nós respiramos sempre os mesmos ares;
Sentimos, num só coração, ora alegre, a mesma dor;
Vivemos, numa só vida, um casamento de mil altares.

terça-feira, julho 14

Fogo a apresentar-se




É neste tom negro, verde dum lado, árido doutro,
que me mostro a quem me observa das alturas,
com este perfil afunilado e as mil e uma fissuras,
pois, visto assim dos ares, nunca tive outro rosto.

Pareço explosivo, mas não sou nenhum monstro!
Albergo uma gente afável, oriunda de mil culturas;
jacente em mim, um vulcão ergue-se nas alturas
e confere-me, além de estilo lapidar, egrégio posto.

Cobre-me, aqui, manto verde de árvores e sisais;
ali exibo as lavas e as terras e ribeiras ressequidas;
além, no negro chão, verdes videiras e muito mais;

Beijo o mar com beiços negros de areias aquecidas;
meus nobres sobrados são do colonialismo os sinais;
o vinho e o café atestam meu bom gosto nas bebidas.

sexta-feira, junho 12

Dias de Regresso

Mais um dia que meu sôfrego coração agita,
Menos uma interminável noite que solitário fico,
Mais uma subtracção à corda curta que estico,
Mais um dia que só nela minha mente cogita.

Em breve estarei ao pé de quem muito me excita
E lá então todo o tempo possível a ela dedico…
Terei à frente tudo aquilo com que me identifico
E libertarei a saudade que com este amor coabita.

Afinal – e até que enfim – vou ver a minha rainha,
Brilhante como o sol, orgulhosíssima tal lua cheia,
Linda qual Cinderela, essencial como sangue na veia.

E nesse cruzar da sua enaltecida alma com a minha,
Quero viver cada uma das sensações com ímpar doçura,
E sentir, num só momento, toda a dose da sua mistura.

quarta-feira, abril 8

Utopia

Imagina que neste mundo todo, além de ti, há eu somente...
Que eu assim o imagno, insanamente, em relação a ti!...
Então, podes estar em qualquer parte ou estar aqui,
Pois, indo aonde fores, encontrar-nos-emos finalmente.

Só nós os dois - fiéis - circulamos nele, vagamente;
Tudo o que eu ouvir... virá certamente de ti...
Tudo o que eu vir, se não és tu... finjo que não vi!...
E apenas tu, linda como és, trago pendurada na mente.

Uma utopia assim seria demais, audaz e capaz!
E nós, eu e tu, podemos - se quiseres - concebê-la;
Apenas temos que descobrir como tudo isto se faz.

Pois, pela perfeição, já és, indubitavelmente, a mais bela...
E o imaginável, todo ele, com tudo, em minha mente jaz;
O que nos falta então? É, sim, o querer realizada vê-la!

Escravo Teu

É-me impossível ter na vida plano decisivo,
Se tu, bem-querer, não és dela parte integrante;
Prefiro pensar que nada existe nela de interessante,
Se a minha vida não me tem por ti cativo.

Sem tal cativeiro até que, por acaso, sobrevivo...
Porém, quero estar preso a ti a todo o instante,
Numa livre prisão, num atormento calmante,
Que me faz dono da minha dona por quem vivo.

Quero passar por tudo para te ter comigo
E estou disposto a qualquer provação:
Sacrifico a vida, enfrento o maior perigo...

Expõe teus desejos que todos eles se farão,
Porque sei que as exageradas palavras que digo
Nunca traduzem o que poderei fazer de coração!