quinta-feira, abril 17

O Poeta

Eis o poeta que chora sua dor com amargura!
O poeta que sofre, carpe e verseja;
Poeta que se derrete e morre por quem deseja;

Eis o poeta que canta sua dor com doçura!


Carpe-lhe o peito de desventura,
Mas entrega-se ao sacrifício, qual seja!
Platónico é e paradoxalmente almeja
Devotar seu âmago à noite escura.

De um modo sóbrio expõe sua alma:
Com tanto penar e carpir sem partilha,
Lá está o poeta com sua irónica calma!

Vê em algo macabro sobeja maravilha;
Idealiza a amada, tem-na como divina palma*...
Canta e chora sua dorida nostalgia em pilha*!


*Palma - Prémio
*Pilha - Rima

Fogo, 28 de Agosto de 01

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